UM REINO POR UM CAVALO

A história é simples. Em espécies promíscuas em que uma fêmea copula com vários machos, a estratégia reprodutiva já não se prende com questões de beleza ou de força mas sim com os melhores espermatozóides. E os melhores são precisamente aqueles que ganham a guerra. E que guerra é esta? Na verdade, hoje sabemos que uns nadam mais depressa que outros, uns ligam-se mais eficazmente à membrana do óvulo do que outros, uns sacrificam a sua própria vida em detrimento do sucesso de outros. Esta teoria surgiu inicialmente para explicar a promiscuidade no acasalamento de algumas espécies de insectos. É que a maioria das fêmeas deste grupo copulam com vários parceiros e, depois, ou ejectam o esperma ou guardam-no dentro do seu corpo durante dias ou meses. Isto faz com que esse reservatório se torne num autêntico campo de batalha entre os espermatozóides dos vários machos. Os próprios humanos não ficam excluídos desta guerra pois a biologia explica-nos que o tamanho dos pénis dos humanos pode estar relacionado com uma forma diferente de selecção sexual, isto é, pénis maiores dão aos espermatozóides algum avanço inicial na altura da ejaculação. Por outro lado, os chimpanzés machos têm grandes testículos e grandes pénis em relação ao tamanho do seu corpo e pensa-se que exibam estas características pelo facto de, na época de acasalamento, a fêmea copular com o macho líder mas depois ter umas escapadelas, se é que me entendem. Portanto, na lógica da vida é assim: «um reino por um cavalo».
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